sábado, 22 de março de 2008

Fragmento


Clarice Lispector

Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer e logo se coagular em cubos de geléia trêmula. Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – , que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.
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(Visão do Esplendor)

Um comentário:

Sérgio Figueiredo disse...

Oi Krika,

Sua Páscoa...tá correndo bem...

Seu Post;

Confesso que estou com alguma dificuldade em comentar. Li várias vezes e, se calhar ignorantemente, não consigo dar com a história a que a narrativa se refere. Sei que não será dos melhores conteúdos uma vez que fala em derramamento de sangues e falta de pureza interior e contestação quanto ao egoísmo de quem tem muito dinheiro e não pensa, sequer, naqueles a quem lhes falta o bem essencial. Temos a pobreza e a riqueza, temos os ricos de espirito e os pobres do mesmo. Uns "gananciosos pelo ouro" e outros se conhecimento desse "bem" mas ricos de outros sentimentos.

Será?
Se assim for, concordo consigo, mas...á a lei da vida.


Bjs