quinta-feira, 27 de março de 2008

Quero Acreditar


Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria de adultos. Resolvi que quero voltar a ter responsabilidades e as idéias de uma criança de 8 anos no máximo.
Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas. Quero acreditar que tudo é possível.
Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim e quero me encontrar com as pequenas maravilhas deste mundo.
Quero de volta uma vida simples e sem complicações. Cansei dos dias cheios de computadores que falham, as papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e necessidade de atribuir um valor monetário a tudo que existe.
Não quero inventar jeitos para fazer o meu dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento. Não quero mais ser obrigada a dizer adeus a pessoas queridas, e com ela, a uma parte da minha vida.
Quero ter a certeza de que Deus está no céu, e de que por isso, tudo está direitinho neste mundo.
Quero viajar ao redor do mundo num barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva. Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores que as de verdade, porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.
Quero ficar feliz quando amadurecer o primeiro caju, a primeira manga, ou quando a jabuticabeira ficar pretinha de flores.
Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos pelo ar e dividindo-os com meus amigos.
Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida, e que a maior competição que eu tenha que entrar seja um jogo de bola de gude.
Quero voltar ao tempo em que tudo que eu sabia era o nome das coress, a tabuada, as cantigas de roda, e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia.
Quero voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência das coisas que podem nos preocupar ou aborrecer.
Quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, da verdade, da paz, das palavras gentis, da justiça, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar ou na areia.
Quero me convencer de que tudo isso vale muito mais que o dinheiro!
A partir de hoje isso é com vocês porque estou me demitindo da vida de adulto. Agora se você quiser discutir a questão vai ter que me pegar, pois o pegador está com vocês! E para sair do pegador só tem um jeito: Demita-se você também dessa vida chata de adulto!

3 comentários:

Salve Jorge disse...

Então acredite
Pois o bom é ser criança
Quando a gente dança
Não há diversão que se evite
E tudo é bonança
A vida é mansa
Parece que a gente nunca cansa
E se cansa
Tem colo quentinho prum aconchego
Basta ficar ruim
Vem aquele chamego
Aquele largo sossego
Fruto de um inocente desapego
De só ir aprendendo a ser
De subir num placo
Do alto tudo ver
E dar um salto
Achar o maior barato
E perceber que de fato
Bom é ser infante
Saborear cada instante
Sem se preocupar de porquê a vida é inebriante
Ela só é...

Sérgio Figueiredo disse...

Krika,

Bonito todo o teu post. Maravilhoso voltar atrás ao tempo de criança. Ao ler ia imaginando, também, o que voltaria a fazer. Recordei e gostava de voltar. Recordei os amigos, as brincadeiras, as triquinices, enfim uma série de coisas que hoje jamais se repetem. Parabéns, foi muito inteligente e muito bem lembrado. Eu também pedia a demissão para voltar. Mas...é mais um sonho.

Parabéns

Beijo e
Bom Fim-de-Semana

Tatiani disse...

é por isso q sempre re-leio le petit!
Me encanta a esperança das crianças...
SONHAR!