segunda-feira, 19 de maio de 2008

Meu Relato Mais Triste



- Quando você vem?
- No meio do ano.
- Mas você é enrolado, acredito que nem venha.
- Claro que vou e já pode ir pensando no churrasco.
.
Numa segunda-feira ele chegou, mostrava abatimento, mas era de se esperar, afinal após uma longa viagem o que ele queria era curtir tudo aquilo que o trabalho impedia. Estava tão sério, um acanhamento quase infantil, uma vergonha que a distância não deixava transparecer. Ao longo do dia a aproximação aconteceu naturalmente e estava acertado que sairíamos a noite. Com todos aqueles conselhos de mãe lá estávamos, num bar comemorando o dia que foi tão aguardado. Um convite de amigos resultou num banho de mar as 2h da manhã -quantas travessuras- chegamos em casa aos risos as 6h , mesmo com um olhar de reprovação dos nossos pais que se contagiaram com a nossa alegria. Naquele mesmo dia ele se foi com a promessa de que voltaria, e no fundo eu sabia que aquele dia tinha marcado sua vida.
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- Quando você volta?
- Não sei, antes de voltar para a Itália.
- Mas faltam poucos dias para isso.
- Eu sei, eu vou ...
.
Duas semanas se passaram até que nesta noite uma ligação as 4h da amanhã trazia uma notícia triste e que me acordou ao ouvir o nome dele. Meus pais disseram: ‘ele se foi, mas dessa vez não vai voltar’. Como não voltaria? Era um menino de apenas 21 anos que trazia no peito o sonho de voltar a morar em seu país e levar uma vida normal de qualquer menino de sua idade. Meu chão se abriu naquele momento, tentava em vão juntar pedacinho por pedacinho os cacos do meu coração. A única certeza que tenho nesse momento é que a dor da morte será muito menor que a dor da saudade de saber que só as lembranças restaram.
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Vamos nos encontrar e quando isso acontecer será para sempre.

10 comentários:

Tatiani disse...

Coisa triste... :/

Mas é assim mesmo, uma vida, uns amores e um final.
Do qual ninguém escapa.

Salve Jorge disse...

Triste
E nisso não se insiste
Mas não depiste
Eu sei o que ouviste
Ourives trabalham nisso a tempos incontáveis
Os artesãos mais hábeis
Lapidando suspiros afáveis
Em finais primaveris
Mas sempre há algo que não fiz
E ninguém diz
No máximo fica por um triz
Aquilo que você quis
E quererá...

Oliver Pickwick disse...

Insólito. Enfim, é realístico, são coisas que acontecem. Espero que seja apenas literatura.
Um beijo!

P.S.: Sobre a sua pergunta, firmei a pouco tempo, contrato com uma grande editora brasileira, presente, também, em outros países.
No segundo semestre do próximo ano, sai um livro de contos. Se correr a tela em meu blog, verá que a maioria dos posts foram retirados. Farão parte deste livro.
No segundo semestre de 2010, pela mesma editora, sai o primeiro romance de uma trilogia, cujo personagem é o antropólogo Arthur Ninck, o mesmo do meu último post.
Ainda com data indeterminada, o lançamento de um romance histórico, em três volumes, acerca de um povo da antiguidade.

P.S2.: A boa gente do condado aprecia a sua gentileza e, vibra com as suas visitas ;)

Mile Corrêa disse...

Nossa =/
Ultimamente tive o desprazer
de presenciar algumas despedidas
"para não voltar mais" também.
E sei o quanto as pessoas envolvidas
sofrem com isso. Espero que você
tenha o conforto necessário nesse
momento.
Muito legal o seu blog!
:*

Regiane K. Freitas disse...

Gostei muito do seu blog!!!
Esta muito legal!
Parabéns

o¤° SORRISO °¤o disse...

Oi Krika. Bela história e muito triste. Coisas da vida, enfim. É difícil, mas é a única certeza da vida. Nascemos e um dia iremos morrer.
Só espero que tenha apenas sido uma história criada por você e nada mais.
Beijos mil! :-)

Oliver Pickwick disse...

Doce menina, lamento a sua perda.
Um beijo!

A. Terada disse...

o que dizer?
ninguem possuiu peça de reposição, mas enfim existem os encontros, por vezes demorados, mas há...
beijos

o¤° SORRISO °¤o disse...

Oi Krika, sou eu de novo.
Venho lhe convidar a fazer um MEME que está lá no meu blog. Espero que aceite.

Boa quarta para você.
Beijos mil! :-)

Maria Flor disse...

Oi Krika...

Ao ler teu relato no meu blog,vim aqui ver como se sentia.Percebi q não estava bem.Olha...Eu lamento o q aconteceu com vc nós q ficamos aqui ficamos sem saber e perdidos...Talvez mais perdidos até do q eles q se foram.A morte é cruel e as vezes me pergunto o pq...Mas quem somos nós para julgar ?Um dia todos iremos isso é a coisa mais certa da vida.Uma coisa é certa ele não morrerá em seu coração...O amor é a única coisa que não se vai.Talvez a única coisa que não nos levam...
Fique bem querida...
paz no seu coraçãozinho...

Beijos